Uma das minhas características é a de
ser Observadora.
Sempre fui assim, mesmo quando falava mais
que a boca ou
falava impulsivamente antes de pensar nove vezes.
Independente de falar mais que a boca Eu sempre consegui ver e
ouvir todo tipo de situação e guardar pelo tempo necessário.
Sou uma mulher madura, e quando digo madura me refiro a ter
idade e experiência.
Tenho por costume chegar as janelas
de minha casa
(apartamento) e observar
o movimento lá fora. Por dias percebi haver algo
diferente na laranjeira bem antiga lá no jardim. Observei até pousar o olhar na
folhagem e duas delas estavam escamadas, robustas. Para meu arrepiar de pele,
eram lagartas, lagartas e lagartas!
Já em estágio avançado da meta mor
fose. Talvez fossem mais de uma dezena delas e se alimentavam vorazmente.
Havia duas possibilidades: ou Eu
enfrentava e interrompia o processo matando as lagartas; ou deixava o processo
seguir adiante. Por mais que possa parecer não era uma decisão simplória.
Pasmem: minha decisão foi deixar a Natureza em
paz. Porém inscia não prestei atenção
no tempo. Fechei a janela quando o manto da noite cobriu o céu. A nova manhã
trouxe o frescor da chuva leve, ao abrir novamente as janelas e especificamente
aquela janela a laranjeira estava molhada e as folhas lisas, inclusive aquelas que
hospedavam as lagartas. Olhei a redor e nenhuma delas consegui visualizar. Fui
ao jardim conferir e nada. Pensei com meus botões: a natureza cuidará desse
assunto.
O tempo voltou a se firmar, as nuvens seguiram viagem, o sol
brilhou novamente. Na terceira noite depois da chuva, fui até a calçada para tentar
captar uma foto da Lua que magnifica encantava a todos, porém antes, ainda na
varanda deparei com uma robusta lagarta que desengonçadamente parecia ter pressa
em subir na parede. No muro do lado de fora da portaria haviam outras. Salvei
algumas dos pés apressados que iam e vinham, eu as coloquei em galhos da árvore de abricó. A vida seguiu
seu curso, os dias passaram. Contudo não deixei de pensar na pressa das
lagartas, a natureza tem seu tempo e a meta mor fose é um fato concreto, logo a pressa era devido a necessidade de estar
em segurança no momento em que o casulo se formasse e a movimentação externa
cessasse guardando dentro dele o prosseguimento ao processo de transformação.
Todos os dias seguintes eu passava
onde haviam casulos e fotografava. Não fiz contagem dos dias, apenas observava
e fotografava. Em um domingo meu filho mais velho veio de Vitória (capital do
ES) onde mora com a família para nos visitar, já a noite depois de os acompanhar
até o carro e me despedir, observadora como sou percebi na calçada uma Borboleta
meia desengonçada tentando chegar até o canteiro mais próximo. Com calma a conduzi até lá, tirei fotos e não
satisfeita segurei levemente suas lindas e frágeis asas, a arrumei em um galho mais
alto da árvore de abricó. Voltei a
portaria do prédio onde moro e passei os olhos pelo muro, pelas ferragens,
pelos beirais do prédio e o até então incógnito a meu olhar se descortinou: Vários
casulos de variados tamanhos de até sete centímetros todos vazios!
Aprendi muito com essa experiência, não me arrependi de não
ter exterminado as folhas com suas hóspedes e certamente nunca vá deixar de ser
uma Observadora do que acontece a meu redor.
O Mundo é absolutamente muito mais extenso e importante que
minha Vida ou meus problemas.
A Vida é esse Pulsar Excitante e Constante.
Catiaho Alc./ReflexodAlma entre sonhos e
delírios
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